Biocombustíveis, a natureza em jogo

Biocombustíveis, a natureza em jogo

Biocombustíveis

“O crescimento da área para o milho afeta a oferta de soja, algodão, entre outros, e influencia todo o mercado internacional”. André Nassar, diretor-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais.

Conforme a legislação brasileira, o biocombustível pode ser definido como: um combustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna ou, conforme regulamento, para outro tipo de geração de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil (Lei N. 9478/97). Se a fonte do biocombustível é a biomassa e essa biomassa é comestível, certamente haverá concorrência entre os dois. Ou seja, vamos produzir açúcar ou etanol na mesma usina?

Essa discussão tem tomado lugar nos mais importantes fóruns de energia e de alimentos (FAO). Talvez esse Food vs. Fuel só tenha solução quando a biomassa escolhida para a fabricação do combustível não seja uma fonte alimentar importante para a população. Por exemplo, ninguém come mamona ou bebe licor negro que são materiais não alimentícios. Mas se formos plantar mamona ou árvores forçosamente a área ocupada poderá sim, reduzir o espaço destinado a uma plantação de algum produto alimentício.

Resolver essa questão é a penas um dos problemas dos biocombustíveis. No Brasil, o biodiesel é quase todo derivado do óleo de soja. Nos EUA o etanol vem do milho. O bagaço da cana-de-açúcar gera mais energia que as hidrelétricas no Brasil. Nos EUA 68,54 bilhões de litros de biocombustíveis serão misturados aos combustíveis fósseis para melhoria dos níveis de emissão dos GEE em 2016 (SNA, 2015).

PERMITTED USE: This image may be downloaded or is otherwise provided at no charge for one-time use for coverage or promotion of National Geographic magazine dated May 2014 and exclusively in conjunction thereof.  No copying, distribution or archiving permitted.  Sublicensing, sale or resale is prohibited.     REQUIRED CREDIT AND CAPTION: All image uses must bear the copyright notice and be properly credited to the relevant photographer, as shown in this metadata, and must be accompanied by a caption, which makes reference to NGM.  Any uses in which the image appears without proper copyright notice, photographer credit and a caption referencing NGM are subject to paid licensing.      Please note: you may select up to five (5) photos from the selection on the FTP for a gallery on your site. Mandatory usage requirements: 1. Include mandatory credit and source: Graphics and map by Virginia W. Mason and Jason Treat, NGM Staff. SOURCE: global landscapes initiative, institute on the environment, University of Minnesota. 2. Show the May cover of National Geographic somewhere in the post (credit: National Geographic) 3. Provide a prominent link to: natgeofood.com near the top of your piece, ahead of the photos 4. Mention that the map is from "the May issue of National Geographic magazine, kicking off an eight-month series on food" or something similar  Food Versus Feed and Fuel: Percentages on the map show whether most of the calories in a region’s crops go directly to human consumption (green) or go to animal feed and biofuels (purple). Only 55 percent of the world’s food-crop calories directly nourish people. We get another 4 percent indirectly by eating meat, dairy, or eggs from animals raised on feed. Graphics and map by Virginia W. Mason and Jason Treat, NGM Staff. SOURCE: global landscapes initiative, institute on the environment, University of Minnesota.

      Mapa da National Geographic sobre o tema

Claro que o Brasil dispõe de áreas agricultáveis e com níveis hidrológicos e de insolação adequados para produção de biocombustíveis. E possivelmente o único do mundo com 36 milhões de hectares disponíveis (ICONE). Mas estão sendo impostas barreiras contra o avanço das culturas energéticas nos municípios e regiões produtoras. Assim, como será o futuro dos biocombustíveis, eles serão capazes de substituir os combustíveis fósseis? Ou todo esse esforço será em vão? Vamos buscar respostas nesse artigo.

Tipos de biocombustíveis

Conforme o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, existem vários tipos de biocombustíveis: Biodiesel, Bioetanol, Biogás, Biomassa Biometanol, Bioéter dimetílico, Bio-ETBE, Bio-MTBE e Biohidrogênio. A produção de biocombustíveis reduz a dependência do petróleo, reduz as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e promovem a inclusão social nas regiões onde são produzidos. No Brasil, a política de agricultores familiares (104.295 em 2011 e 73.479 em 2014) vem perdendo espaço para os grandes produtores com menores custos de produção (MDA). Os biocombustíveis principais serão detalhados a seguir.

Biodiesel e Etanol

O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis. Pode ser produzido a partir de diferentes espécies oleaginosas, como a mamona, o dendê, a canola, o girassol, o amendoim, a soja e o algodão, além de matérias-primas de origem animal como o sebo bovino e gordura suína. Pode ser utilizado isoladamente ou também pode ser misturado ao diesel. Este éster de ácido graxo é obtido a partir da reação química dos óleos vegetais ou gorduras animais com um álcool na presença de um catalisador (transesterificação).

A partir de 2010, todo o diesel comercializado no Brasil contém uma mistura de 5 % de biodiesel. As usinas próprias e parceiras da Petrobras Biocombustível possuem, no total, 821 milhões de litros/ano de capacidade de produção de biodiesel (PETROBRAS).

O Bioetanol ou somente etanol geralmente é produzido a partir da cana-de-açúcar, mandioca, milho ou beterraba e consiste na fermentação alcoólica realizada por microrganismos em uma solução de açúcares extraídos desses vegetais. Na década de 1970, quando foi lançado o Proálcool (Programa Nacional do Álcool), o etanol ganhou grande impulso e se tornou uma importante fonte de energia para o país.

Hoje, o etanol brasileiro gerado a partir da cana-de-açúcar tem o menor custo de produção e o maior rendimento em litros por hectare do produto. Todos os seus subprodutos são aproveitados: da fabricação do etanol temos a vinhaça e a torta de filtro, utilizadas como fertilizantes, e com a queima do bagaço da cana há a cogeração de energia. Com o aproveitamento da celulose existente no bagaço, estão sendo desenvolvidas pesquisas para o uso comercial do etanol de 2.a geração, o etanol do futuro, que pode ampliar a capacidade de produção em até 40% sem aumentar as áreas plantadas, trazendo mais produtividade, eficiência e sustentabilidade no ciclo de produção. O país produz aproximadamente 10 bilhões de litros/ano em mais de 400 usinas instaladas.

BIOcombustíveis

Fontes de biocombustíveis (Crédito: Getúlio Nascimento)

Tecnologias de produção dos biocombustíveis

Como vimos, são muitas as matérias primas para produção dos biocombustíveis e segundo Bomtempo (2010) assim são também as tecnologias de produção utilizando diversas bases de conhecimento (fermentação, processos enzimáticos, engenharia genética, gaseificação, pirólise e ainda catálise e reações químicas), que traduzem o desafio dos biocombustíveis avançados de forma muito mais ampla do que a simples produção de etanol de celulose. O exame mais minucioso das diversas tecnologias de conversão em desenvolvimento traria por certo a percepção de que a competição pelas soluções a serem adotadas se dá não só entre as tecnologias gerais mas também dentro de cada uma delas.

Existem muitos projetos sendo desenvolvidos no Brasil. Só para citar um exemplo, citamos o caso do pesquisador Rafael Parrella (2015) com a introdução do sorgo biomassa, o BRS 716, desenvolvido pela Embrapa para a cogeração de energia por meio da queima de biomassa (lançado em 2014) apresenta alta produtividade, em média, de 120 a 150 toneladas de matéria fresca por hectare, tem ciclo curto, de seis meses, e porte entre cinco e seis metros de altura.

 

Referências

  1. SNA – Sociedade Nacional de Agricultura, em sna.agr.br
  2. ICONE – Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais, em iconebrasil.com.br
  3. PETROBRAS – em: http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/areas-de-atuacao/producao-de-biocombustiveis/
  4. MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário, em mda.gov.br
  5. BOMTEMPO, José Vítor é articulista e escreve excelentes Posts no Blog Infopetro, ver: https://infopetro.wordpress.com/2010/05/10
  6. PARRELA, Rafael, artigo encontrado em: http://sna.agr.br/sorgo-biomassa-e-aposta-como-fonte-de-energia-renovavel/

 

 

 

 

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